Analgésicos com potenciadores do efeito – analgésicos de combinação com cafeína

A ação de uma dose de analgésico em combinação com 100 mg de cafeína corresponde aproximadamente à de duas vezes a mesma dose de analgésico sem cafeína. Nas quantidades habituais, a cafeína é bem tolerada e apresenta bom perfil de segurança. Nos analgésicos a possibilidade de reduzir a quantidade de substância analgésica através da adição de cafeína é considerada vantajosa.

Há muito tempo que existe a tradição de combinar fármacos com diferentes mecanismos de ação. No início do século XX, o farmacologista Emil Bürgi publicou artigos sobre a combinação direcionada de substâncias ativas e em 1938 escreveu, em alemão, o livro “Combinações de Medicamentos”. Mesmo nessa altura, já eram comercializados analgésicos contendo o co-analgésico cafeína em adição a um analgésico.

Alívio da dor em situações dolorosas comuns

Uma revisão efetuada pela Cochrane Collaboration comparou o efeito analgésico de um analgésico comum com uma combinação do analgésico e cafeína [1]. Os autores avaliaram 25 estudos com um total de 4262 participantes. Em todas as situações dolorosas que foram investigadas, a adição de cafeína aumentou significativamente a percentagem de doentes que sentiram um alívio eficaz da dor (ver Figura 1):

• 48% dos participantes referiram, pelo menos, 50% do alívio máximo possível da dor depois de tomarem a combinação do analgésico em combinação com cafeína (1033 de 2136; intervalo de 26% a 83%).
• 41% dos participantes referiram, pelo menos, 50% do alívio máximo possível da dor depois de tomarem o analgésico sem cafeína (877 de 2126; intervalo de 6% a 66%).
• O valor de RR para a combinação do analgésico em combinação com cafeína foi de 1,2 (IC de 95% 1,1 a 1,3) e o NNT foi de 14 (9,9 a 24).

Alívio da dor ainda mais acentuado no caso de enxaqueca ou cefaleia tipo tensão

O efeito positivo na redução da dor foi ainda maior quando foi considerada a cefaleia (enxaqueca e cefaleia tipo tensão):

• 33% dos participantes referiram, pelo menos, 50% do alívio máximo possível da dor depois de tomarem a combinação do analgésico em combinação com cafeína (242 de 740; intervalo de 25% a 83%).
• 25% dos participantes referiram, pelo menos, 50% do alívio máximo possível da dor depois de tomarem o analgésico sem cafeína (172 de 763; intervalo de 21% a 43%).
• O valor de RR para a combinação do analgésico em combinação com cafeína foi de 1,3 (IC de 95% 1,1 a 1,5) e o NNT foi de 13 (8,3 a 34).

Verificou-se também uma nítida diferença na dor pós-operatória, em que o efeito positivo no alívio da dor foi de 60% contra 51%.

De que modo é que a quantidade de cafeína adicionada afeta a ação?

Nos estudos considerados, a cafeína foi adicionada como co-analgésico em doses de 50 a 260 mg. A maior parte dos estudos usou uma adição de cafeína de 100 a 200 mg por dose. Apenas um estudo investigou uma quantidade variável de cafeína adicionada a uma dose de 200 mg de ibuprofeno. Este estudo evidenciou os mesmos resultados que também foram observados nos outros estudos: as doses de cafeína de 65 mg ou menos, aparentemente, não melhoraram o efeito analgésico, enquanto as doses de 100 a 200 mg produziram uma melhoria acentuada no alívio da dor. Esta observação também está refletida na dosagem das preparações habituais de combinação padrão, a maior parte das quais contém 100 mg de cafeína.

Até que ponto são bem toleradas as combinações de duas ou mais substâncias ativas?

Os autores desta Cochrane Review de 25 estudos não encontraram quaisquer relatórios de efeitos adversos graves relacionados com o analgésico ou com a cafeína. Por conseguinte, chegaram à mesma conclusão que a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA), cuja avaliação considerou improvável um efeito prejudicial através da adição de cafeína a um analgésico – desde que a dose recomendada seja observada.

Resumo

Os analgésicos com cafeína são superiores aos analgésicos sem cafeína no alívio da dor aguda, sem evidenciarem um aumento significativo do risco de efeitos secundários.

_{Conflito de interesses: T. Weiser é funcionário da Sanofi.}

_{Divulgação: Texto e publicação médica financiados por Sanofi Aventis Deutschland GmbH.}