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País:Portugal
Idioma:português

Rinite Alérgica e poluição atmosférica: nova evidência clínica com cloridrato de fexofenadina 180 mg


EFSM: 2021;1:210337DOI: 10.52778/efsm.21.0337Data de publicação: 29.11.2021
Margarita Murrieta-Aguttes e Marina Volonte

A exposição a poluentes atmosféricos e as alterações climáticas são fatores que contribuem para aumentar a prevalência e a exacerbação dos sintomas de rinite alérgica (RA). A fexofenadina 180 mg tem-se mostrado eficaz no alívio dos sintomas de RA induzidos pelos pólenes e agravados pela poluição atmosférica num ensaio clínico aleatorizado controlado (ensaio FEXPOLSAR) utilizando um modelo de desafio de alérgeno controlado, reconhecido e validado de RA.

Em todo o mundo, entre 10 e 30% da população é afetada por rinite alérgica (RA) [1]. A prevalência de RA confirmada em adultos na Europa varia entre 17% e 28,5% [2].

A rinite alérgica é uma inflamação da mucosa nasal em resposta a alérgenos transportados pelo ar, como pólenes ou ácaros da poeira doméstica. Os sintomas principais incluem espirros, prurido nasal, obstrução nasal, rinorreia com secreção límpida e outros sintomas não-nasais, como olhos vermelhos, lacrimejantes e com prurido. Nas últimas décadas, a poluição atmosférica tem estado associada a um aumento da incidência de RA em todo o mundo. As partículas de escape dos motores a diesel (PED) são um componente essencial dos poluentes do ar. Podem interagir com alérgenos e agravar a reação alérgica [3]. As partículas PED infiltram-se nas células epiteliais das vias aéreas, induzindo inflamação e citotoxicidade [4]. Além disso, tem-se observado que a interação de PED com alérgenos pode aumentar as respostas induzidas por alérgenos até 50 vezes mais do que os alérgenos sozinhos [5].

Nova evidência com fexofenadina em sintomas de RA agravados por PED

A fexofenadina HCl é um antagonista seletivo do recetor H1 da histamina de segunda geração, não-sedativo, indicado para o tratamento sintomático da RA sazonal e da urticária idiopática crónica. A sua longa semivida permite uma ingestão uma vez por dia [6]. É comercializada em cerca de 100 países do mundo, sendo a dose aprovada na Europa de 120 mg ou 180 mg.

Recentemente Ellis et al. [7] publicaram os resultados do primeiro grande estudo (FEXPOLSAR/NCT03664882) para demonstrar o efeito benéfico da fexofenadina na diminuição dos sintomas de RA agravados pelos poluentes do ar. Tratou-se de um ensaio da fase 3, aleatorizado, duplo cego, sequencial, prospetivo, que usou um modelo de desafio de alérgeno controlado, reconhecido e validado de RA em que a exposição ao alérgeno é controlada e os sintomas podem ser monitorizados continuamente [7, 8].

O objetivo principal do estudo foi demonstrar o agravamento dos sintomas de RA causados por PED.

O segundo objetivo principal foi avaliar a eficácia da fexofenadina HCl 180 mg no alívio dos sintomas agravados pela presença de PED.

O ensaio foi realizado fora da estação dos pólenes em três períodos, numa unidade de exposição ambiental. No primeiro período do estudo um total de 257 adultos foram expostos a pólen de ambrósia e, após 2 semanas de interrupção, foram novamente expostos a pólen de ambrósia e a PED. No período de tratamento do ensaio, 251 participantes restantes foram expostos de novo a pólen de ambrósia e PED e aleatorizados para receber fexofenadina HCl 180 mg como dose única (n=126) ou placebo (n=125).

Os seus sintomas de rinite alérgica (ou seja, rinorreia, espirros, prurido nasal, congestão nasal) foram registados durante até 12 horas. Os indicadores (endpoints) primários foram a área sob a curva (AUC) do TNSS (valor total de sintomas nasais: soma de rinorreia, espirros, prurido nasal) desde basal até doze horas (AUC0–12) em períodos 1 e 2, e de duas a doze horas (AUC2–12) no período de tratamento 3.

Considerando os dois primeiros períodos do ensaio, foi observado um aumento significativo em TNSS AUC em participantes expostos ao pólen da ambrósia (alérgeno) e PED quando comparados com os que estiveram expostos apenas ao pólen da ambrósia (Fig. 1, p < 0,0001). No terceiro período do estudo, a fexofenadina HCl 180 mg diminuiu de modo significativo os sintomas de RA agravados pelo poluente do ar quando comparada com pacientes que tomaram placebo (p = 0,0148) (Fig. 2). A redução percentual média dos sintomas quando comparada com o placebo e relacionada com os sintomas individuais foi a seguinte: espirros (39,2%), rinorreia (28,8%), olhos lacrimejantes (27,5%), nariz entupido e olhos vermelhos ou com ardor (24,8%), prurido nasal e ocular (23,0%), prurido nos ouvidos, palato ou garganta (18,6%).

Resumo

Quem sofre de rinite alérgica pretende um rápido alívio dos sintomas com o restabelecimento da sua vida diária e produtividade profissional habitual. Os anti-histamínicos orais não-sedativos de segunda geração são recomendados para o tratamento de RA [9]. Tem sido observado um rápido início da ação na melhoria dos sintomas SAR com a administração de fexofenadina HCl uma vez por dia [10].

Poluentes de ar como PED podem agravar os sintomas de RA [5]. A fexofenadina HCl 180 mg evidenciou uma melhoria dos sintomas de SAR agravados por PED. Os espirros diminuíram de modo significativo, o que durante a pandemia de COVID-19 é importante para quem sofre de RA, porque os primeiros sintomas ligeiros de COVID-19 podem ser confundidos com ou co-ocorrentes com RA e, porque a febre dos fenos não controlada pode aumentar o risco de disseminação viral [11].

Bibliografia

  1. Pawankar R, Canonica GW, Holgate ST et al. WAO White Book on Allergy: Update 2013: WAO; 2013.
  2. Brozek JL, Bousquet J, Agache I et al. Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma (ARIA) guidelines—2016 revision J Allergy Clin Immunol 2017;140:950–8.
  3. Naclerio R, Ansotegui IJ, Bousquet J et al. et al. International expert consensus on the management of allergic rhinitis (AR) aggravated by air pollutants. World Allergy Organization Journal 2020;13:100106 http://doi.org/10.1016/j.waojou.2020.100106.
  4. Li N, Nel AE. The cellular impacts of diesel exhaust particles: beyond inflammation and death. Eur Respir J. 2006;27(4):667-8; 10.1183/09031936.06.00025006.
  5. Riedl M, Diaz-Sanchez D. Biology of diesel exhaust effects on respiratory function. JACI. 2005;115(2):221–8; quiz 9; 10.1016/j.jaci.2004.11.047.
  6. Compalati E, Baena-Cagnani R, Penagos M, et al. Systematic review on the efficacy of fexofenadine in seasonal allergic rhinitis: a meta-analysis of randomized, double-blind, placebo-controlled clinical trials. Int Arch Allergy Immunol 2011;156:1–15.
  7. Ellis AK, Murrieta-Aguttes M, Furey S, Carlsten C. Effect of fexofenadine hydrochloride on allergic rhinitis aggravated by air pollutants. ERJ Open Research 2021;7(2):00806-2020; DOI: 10.1183/23120541.00806-2020.
  8. Ellis AK, Steacy LM, Hobsbawn, B, et al. Clinical validation of controlled grass pollen challenge in the Environmental Exposure Unit (EEU). All Asth Clin Immun 2015;11:5. https://doi.org/10.1186/s13223-015-0071-3.
  9. Brozec JL, Bousquet J, Baena-Cagnani AE, et al. 2010 Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma (ARIA) guidelines: 2010 revision. J Allergy Clin Immunol 2010;126(3):466–76.doi: 10.1016/j.jaci.2010.06.047.
  10. Day JH, Briscoe MP, A Welsh A, et al. Onset of action, efficacy, and safety of a single dose of fexofenadine hydrochloride for ragweed allergy using an environmental exposure unit. Ann Allergy Asthma Immunol 1997;79(6):533–40. doi: 10.1016/S1081-1206(10)63062-1.
  11. Scadding GK, Hellings P W, Bachert C, et al. Allergic respiratory disease care in the COVID-19 era: A EUFOREA statement. World Allergy Organization Journal 2020;13:100124, http://doi.org/10.1016/j.waojou.2020.100124.

Conflito de interesses: M. Volonte e M. Murrieta-Aguttes são funcionárias da Sanofi.

Divulgação: texto e publicação médica financiados por Sanofi-Aventis Deutschland GmbH.

Empresa/Correspondência: Margarita Murrieta-Aguttes, MD, Sanofi Consumer Health Care, 54 rue la Boétie, 75008 Paris, France e Marina Volonte, DVM, Sanofi Consumer Health Care, Milano, Italy

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Data de entrega: 20.07.2021Data de aprovação: 05.10.2021Data de publicação: 29.11.2021
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